Por que em alguns países o volante fica do lado direito do veículo? A resposta parece óbvia: Porque facilita a dirigibilidade quando a mão de circulação é "inglesa". Mas que raios de mão é essa, afinal? “Olhos Curiosos” foi averiguar e descobriu que não é tão simples assim...
Sentido de circulação é a forma pela qual os veículos devem ser conduzidos nas ruas e rodovias de cada país, no que diz respeito ao lado pelo qual se deve conduzir tais veículos, ou mesmo para os pedestres, que precisam saber o sentido de circulação para atravessar as ruas com segurança.
A Convenção de Viena de 1968, das Nações Unidas, determina as regras básicas de trânsito, ainda que nem todos os países sejam seus signatários. Mesmo assim, cada país tem sua própria legislação no que diz respeito ao tráfego de veículos, motorizados ou não.
Essa convenção de trânsito é seguida não apenas no Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda), mas também em várias de suas ex-colônias - como Índia, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia - e no Japão.
Para entender o motivo, precisamos voltar à era medieval, quando a circulação a cavalo se dava pela esquerda para deixar a mão direita livre para lutar, já que a maioria das pessoas usava a mão direita para manusear a espada.
No ano de 1300, o papa Bonifácio VIII determinou que todos os peregrinos com destino a Roma deveriam se manter no lado esquerdo da estrada, para organizar o fluxo. Esse sistema prevaleceu até o século XVIII, quando Napoleão inverteu tudo, supostamente por ser canhoto, mas também para facilitar a identificação de tropas inimigas à distância. As regiões dominadas pelo imperador da França aderiram ao novo modelo de tráfego, enquanto o império britânico permaneceu fiel ao sistema medieval.
Como os ingleses são inimigos históricos dos franceses, dirigir pela pista da esquerda virou uma questão de honra, mantida até hoje. Ex-colônias britânicas, como Índia, África do Sul e Nova Zelândia também dirigem pela mão da esquerda. O Japão foi convencido a dirigir pela esquerda após a visita de um ministro inglês, em 1859.
Mas, para tristeza britânica, os Estados Unidos estavam ansiosos para se desfazerem da herança cultural dos antigos colonizadores e, então, adotaram o lado direito. Como o domínio mundial da indústria automobilística é estadunidense, o modelo napoleônico tornou-se padrão em quase todo o planeta.
A Argentina, por exemplo, adotou a mão inglesa até o começo dos anos 40, e então mudou, para que seus carros circulassem no resto da América do Sul. A Suécia inverteu a mão das ruas, do jeito inglês para o padrão continental, em 1965 com hora marcada e tudo: às 17:00h de um dia útil, para evitar que motoristas e pedestres distraídos saíssem cedo e esquecessem que os sentidos haviam sido trocados. A Suíça foi o último país a fazer a mudança da mão inglesa para o padrão mundial.
O Brasil segue o padrão mundial de mão de direção, o de circular pela direita. Mas a mão inglesa é utilizada excepcionalmente em alguns trechos, mediante sinalização específica. Mas ainda bem que são trechos curtos, pois circular em mão inglesa, para quem não está acostumado, é complicado...