Elas são transparentes, minúsculas, secam e cansam as lágrimas. Sem elas, o leitor pisca os olhos sete vezes por minuto. Com elas, o seu movimento acelera para dezoito a vinte vezes. Ela permite que os olhos fiquem ora azul, ora verde, ora castanho, ora violeta, ora cinzento, ora, ora...
Lentes de contato são utilizadas diariamente por mais de 100 milhões de pessoas. O volume de aproximadamente sete microlitros do fluido das lágrimas com o nível de acidez pH de 7.3 e concentração de sal de 0.91 e 0.97% é controlado. As lentes constituem uma barreira física para a mecânica de formação de lágrimas e metabolismo da córnea. Vários foram os historiadores que se aventuraram no mistério das lentes de contato. E muitos outros buscam cada vez mais alternativas para o uso das lentes.
Como as pesquisas que já mostramos nesta matéria em que as lentes de contato, além de corrigirem a visão, darão acesso a uma realidade cada vez mais virtual, transmitindo, em tempo real, informação diagnóstica da saúde. É o caso das lentes de contato inteligentes que usam tecnologia de informática para monitorar a pressão dentro do olho para identificar condições ligadas ao glaucoma criada pela companhia suíça Sensimed.
Muitos leitores pediram detalhes desta lente que não é simulação: trata-se de uma lente real, destas que você, de repente, está usando - e num olho verdadeiro, como o seu.
A lente da Sensimed possui um sistema, batizado de Triggerfish, que permite acompanhar pacientes de glaucoma vinte e quatro horas por dia. Este sistema possui sensores minúsculos embutidos na lente e pequenos microchips, que podem captar sutis mudanças no olho de uma pessoa, ainda não obtidas com aparelhos oftalmológicos convencionais. Em seguida, transmitem os dados, com tecnologia wireless, para um receptor usado em volta do pescoço.
O glaucoma é uma doença insidiosa: acomete 4% da população mundial acima de 40 anos, é assintomático, progressivo e, não tratado, implica em perda total de visão. O tratamento adequado da doença pode exigir um monitoramento contínuo da pressão intraocular, o que o sistema Triggerfish faz.
Os microchips do sistema possuem um sensor MEMS (Sistemas microeletromecânicos também escrito como sistemas microeletrônicos e microeletromecânicos) que é a tecnologia de dispositivos muito pequenos, que se funde à escala nano em sistemas nanoeletromecânicos (NEMS) e nanotecnologia. Já o receptor possui um processador de telemetria embutido além de uma antena que é colada ao redor do olho e cabo de dados, que, por sua vez, conecta a antena a um gravador digital carregado pelo paciente e, por fim, um software que captura, processa e diagnostica a informação armazenada em um gravador transportado pelo usuário da lente.
A empresa afirma que o sistema Triggerfish seria muito útil para detectar o glaucoma em estágio precoce, em pessoas com histórico familiar da doença ou com outros fatores de risco. Se um paciente de alto risco tem uma pressão relativamente normal durante o dia, por exemplo, ele pode usar as lentes inteligentes para fazer uma sessão de acompanhamento preventivo de 24 horas, para medir a pressão também durante à noite.
Clinicamente, o dispositivo foi usado em cerca de 80 pacientes e ainda não saiu da Suíça. Segundo a Sensimed, o Triggerfish deverá entrar no mercado da Europa e dos Estados Unidos. Ainda não há previsões de lançamento no Brasil.
(Fonte: Sensimed)