Antigamente, cinema em 3D era algo surpreendente. Hoje, a técnica está tão disseminada que todo e qualquer filme, mesmo do passado, já pode ser visto através desta tecnologia que, entretanto, se expandiu para além da sétima arte e chegou às versões para imprimir modelos dimensionais utilizando impressoras específicas para tal.
A impressão 3D, também conhecida como prototipagem rápida, é uma forma de tecnologia de fabricação aditiva onde um modelo tridimensional é criado por sucessivas camadas de material. Tecnologias de impressão avançadas permitem imitar com precisão quase exata a aparência e funcionalidades dos protótipos dos produtos.
Nos últimos anos, as impressoras 3D tornaram-se financeiramente acessíveis para pequenas e médias empresas, levando a prototipagem da indústria pesada para o ambiente de trabalho. Com esta rápida popularização, a previsão comum é de que ela transformará a produção, estimulando uma revolução do consumo que irá colocar uma impressora em cada casa.
Por enquanto, porém, como tantas tecnologias emergentes, a impressão 3D encontrou seu lugar em um campo surpreendentemente diferente: a medicina.
Estudos e projetos representam alguns dos exemplos mais fascinantes da “bioimpressão”, que usam uma máquina controlada por computador para montar matéria biológica utilizando tintas orgânicas e termoplásticos super-resistentes e que vão permitir a reconstrução de partes do crânio e, também, imprimir estruturas nas quais células-tronco podem se transformar em ossos.
Pesquisadores da Universidade de Liverpool, por exemplo, estão conduzindo um estudo bem interessante que visa criar “pedaços” de pele com impressoras 3D. Dessa maneira, caso alguém precise de uma orelha, de um nariz ou de mais tecido para um braço queimado, seria possível conseguir o material de modo mais simples do que hoje em dia.
Além da pele artificial, há planos para que olhos também sejam feitos através de impressoras 3D. Neste caso, a iniciativa é encabeçada por uma empresa britânica chamada Fripp Design em parceria com a Manchester Metropolitan University e o objetivo é criar próteses para quem precisar de um globo ocular.
A intenção é substituir próteses feitas de vidro e outros materiais mais convencionais, já que elas podem chegar a custar mais de R$ 5 mil reais, pois são pintadas à mão. Para isso, eles pretendem contar com um processo de trabalho mais simples, rápido e barato - o que torna produtos desse gênero bem mais acessíveis.
Estes olhos são feitos com uma impressora Spectrum Z-Corp 510 e revestidos com resina. Dessa maneira, os olhos podem ser facilmente personalizados com base nas necessidades de cada paciente - apresentar diferentes colorações e até mesmo veias aparentes -, fazendo com que os órgãos artificiais fiquem mais parecidos com os orgânicos.
Segundo a Fripp Design, o projeto 'prótese ocular' está agora em fase final de refinamento do processo de fabricação. O fundador da empresa, Tom, falando à revista Dezeen, uma publicação que se concentra na arquitetura, design de interiores e projetos, disse que o tecnicismo na personalização de uma íris é exigente, e que a empresa está se empenhando nisso para que os olhos feitos por impressoras 3D consigam chegar ao mercado no ano que vem, custando cerca de R$ 300, sem impostos.
Outro fator a ser levado em consideração é o tempo de preparo das próteses. Enquanto a impressora de Fripp pode fazer 150 olhos em uma hora, os ‘olhos de vidro’ muitas vezes podem levar meses para ficarem prontos.
(Fonte: PhysOrg)