O cérebro é uma máquina impressionante, um verdadeiro painel de controle do nosso corpo. Tudo o que fazemos – e como fazemos – está relacionado ao bom funcionamento das funções cerebrais.
Como todo bom sistema, porém, o cérebro também costuma dar ‘tilt’. Uma das panes mais conhecidas é a chamada cegueira histérica.
Ela faz parte das disfunções que os médicos entendem como transtornos de conversão - distúrbios de somatização em que o orgânico está saudável e a moléstia surge de fatores psicológicos. Há casos de pacientes mudos e até paralíticos por causa disso.
O termo somatização foi criado em 1943 por Stekel para definir um “distúrbio corporal que surge como expressão de uma neurose profundamente assentada, uma doença do inconsciente”.
Diversas doenças clínicas, muitas vezes com etiologia clara ou conhecida apenas em parte, têm sido estudadas no que concerne à influência de fatores psicológicos como estresse, ansiedade, estado de humor, traços de personalidade e de comportamento na gênese ou exacerbação dos seus sintomas. Tais afecções têm sido historicamente denominadas doenças psicossomáticas, por uma clara associação de vulnerabilidade para o aparecimento ou piora da doença na concomitância de estressores psicológicos ou psicossociais.
A característica essencial da somatização é um padrão de múltiplas queixas somáticas recorrentes e clinicamente significativas, sendo muito mais comum nas mulheres do que nos homens.
Já o uso do termo conversão surge pela primeira vez nos trabalhos de Sigmund Freud e Josef Breuer em 1894, para designar um sintoma motor em substituição a uma ideia reprimida. Atualmente, define-se conversão como a presença de um ou mais sintomas ou déficits que afetam a função motora voluntária ou sensorial, sugerindo a presença de uma doença neurológica ou de outra condição médica que não pode ser comprovada objetivamente.
É o caso do olho que vê, mas não enxerga.
No século 19, quando a ‘cegueira histérica’ foi catalogada, um paciente que estava cego de um olho há mais de dez anos afirmava sentir dores no local. Após inúmeros testes clínicos, o olho parecia completamente saudável do ponto de vista fisiológico, mas não funcionava. Quando tudo caminhava para a retirada do olho cego, o médico, sem avisar, decidiu fazer um último teste e tapou o campo de visão do olho bom, de modo que o paciente pudesse enxergar apenas com o olho ruim. Para surpresa geral, o paciente continuava enxergando normalmente.
É importante frisar que a cegueira histérica não tem relação alguma com a síndrome NOHL, que faz com que a pessoa atingida pare de enxergar de forma inesperada. Neste caso, o problema é causado por uma disfunção na mitocôndria, que é o organelo celular responsável pela geração de energia e oxigenação das células do corpo. Quando a pessoa desenvolve esta alteração genética, o nervo óptico deixa de transmitir informações para o cérebro.
(Fonte: MedicinaNet)