2050 - O ano da Miopia

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Saúde Visual já mostrou neste artigo um estudo publicado recentemente no British Journal of Ophthalmology indica que haverá 80 milhões de pessoas sofrendo de glaucoma em 2020. Os mais afetados pela doença são mulheres, asiáticos e africanos.

Mas as previsões pessimistas com relação à visão não param por aí.

Em 2050, metade da população mundial terá miopia, problema que cria dificuldade de enxergar à distância. A estimativa é da Academia Americana de Oftalmologia (AAO), a partir de uma metanálise de 145 estudos cobrindo 2,1 milhões de participantes, divulgada por um grupo de pesquisadores da organização. O documento afirma, também, que 10% da população mundial deverá ter alta miopia, condição que abre porta para graves doenças oculares.

A metanálise estima que, no já mencionado ano de 2020, a prevalência de míopes no Brasil será de 27,7%, e nos EUA, de 42,1%. O problema deve se agravar até 2050, quando 50,7% dos brasileiros serão míopes, e 58,4% dos americanos, também, de acordo com a previsão da entidade. Isso significa que, nos próximos 34 anos, a incidência deve aumentar 83% no Brasil, e 20% nos EUA.

De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, esse cenário indica um grave problema de saúde pública no país, que ele chega a chamar de "epidemia de miopia". A preocupação deve-se ao fato de que, quando acima dos 6 graus, o risco de descolamento da retina, catarata, glaucoma e degeneração macular aumenta. Como a miopia é uma condição, e não uma doença, ela não tem cura. Mas precisa ser corrigida com óculos, lentes ou cirurgia, dependendo do caso.

Segundo Queiroz Neto, a miopia poder ser causada pelo estilo de vida, além da herança genética.

— O uso intensivo do computador e outras tecnologias é um dos fatores relacionado ao aumento da miopia no mundo todo — destaca ele.

Um estudo realizado pelo oftalmologista com 360 crianças de 6 a 9 anos mostra que o uso intensivo do computador aumentou a dificuldade de enxergar à distância em 21%, contra a prevalência de 12% apontada pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) para esta idade.

O especialista explica que se trata de uma miopia acomodativa. Está relacionada ao esforço para enxergar de perto e pode ser revertida com mudança de hábitos. Para que a visão não fique acomodada a enxergar só o que está próximo, destaca ele, a cada hora de uso do computador, videogame, smartphone ou outra tecnologia por crianças, é recomendado descansar de 20 a 30 minutos. A maior acomodação do olho na infância torna a visita anual ao oftalmologista obrigatória. Os pais também devem estimulá-las a praticar de atividades ao ar livre. Isso porque, até 8 anos de idade, a visão está em processo de desenvolvimento e precisa ser utilizada para todas as distâncias.

Queiroz Neto afirma, ainda, que a alimentação é outro fator que predispõe à miopia. O consumo exagerado de açúcar aumenta a produção de insulina e pode interferir no crescimento do eixo óptico onde as imagens são projetadas. A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é consumir seis colheres de chá de açúcar por dia.

E pode piorar: se as previsões feitas pelo Instituto Brien Holden Vision se confirmarem, 1 bilhão de pessoas podem ser consideradas cegas nas próximas décadas.

Para realizar essas estimativas, o instituto analisou artigos sobre miopia que foram publicados em diversos países, desde 1995. O estudo levou em consideração os picos de surgimento da deficiência, o aumento da população e a urbanização de várias regiões. Não à toa, o crescimento das cidades e uso sistemático de computadores são algumas das causas para a o aumento da miopia, avalia o instituto.

Na maioria dos casos, a miopia começa aos seis anos de idade, mas pode surgir repentinamente em adultos com idades entre 20 a 40 anos. Para reverter a situação, o estudo aconselha que pais levem seus filhos regularmente a oftalmologistas, assim como o governo deve reforçar campanhas de prevenção a problemas de visão. Outra saída é diminuir o tempo em que passamos em frente ao computador, ou usar óculos o resto da vida.



(Fonte: O Globo)