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Viagens pelo extraordinário mundo de um cego

Tony Giles é um britânico fã de Led Zeppelin e torcedor do Liverpool. Ele nasceu com um problema na visão, uma rara deficiência visual genética – distrofia do cone e fotofobia – e ficou cego aos 10 anos. Na mesma época, descobriu-se que Tony também estava parcialmente surdo dos dois ouvidos, no que parece ser uma condição genética relacionada.

Aos 24 anos, por causa do excesso de bebida alcoólica, foi diagnosticado com pressão arterial elevada e doença renal, que o levou a uma operação de transplante de rim – e a parar de beber.

Mas nada disso o impediu de viajar. Pelo contrário: aos 32 anos, o inglês já encheu 3 passaportes com vistos de 56 países. E decidiu contar como faz para enxergar as belezas e os problemas de cada lugar em um livro intitulado Seeing the World My Way (sem tradução em português). Ele também possui este site, onde registra suas intensas atividades.

A entrevista abaixo foi concedida ao site Planeta Sustentável. Giles falou com o repórter Felipe Datt por telefone de 3 cidades diferentes - La Paz, Londres e Atenas. Confira:

Como você faz para conhecer os locais que visita?

Não consigo enxergar sequer sombras. Isso significa que preciso de todos os outros sentidos para absorver a cidade de acordo com o tipo de superfície, as músicas e vozes, as comidas, os aromas. Tenho um senso único em relação aos outros turistas, porque uso todos os meus sentidos em conjunto, algo raramente feito por quem enxerga.

Como esses sentidos ajudam a diferenciar os lugares?

Pelo ar sei se estou perto da praia, como quando sinto o ar salgado de Seattle ou Bodrum, na Turquia. Ou se a cidade é poluída. De Yerevan, na Armênia, minha lembrança é uma combinação de fumaça de escapamentos, chaminés de fábrica e cigarro. Também aprendo sobre a cultura. Sei que estou em Chicago logo ao sair da estação de ônibus por causa do cheiro da carne e do jazz e do blues que ouço. Já Buenos Aires e Lima me dão a sensação de caminhar por cidades interioranas, em vez de grandes megalópoles, pois consigo ouvir o som de pássaros e cachorros.

Qual é sua cidade favorita?

Na verdade prefiro natureza a cidades. Consigo captar muito pela pele e uso meu corpo para sentir o ambiente. Quando caminho por uma floresta, tenho a sensação de que o ar está comprimido. Se parece que ele se expandiu, sei que cheguei a uma área aberta. Posso detectar mudanças na pressão do ar e na temperatura. E sinto que pode chover se o vento sopra mais forte.

Mas se tivesse de escolher uma cidade...

Bangcoc, na Tailândia, é incrível. O cheiro de sujeira, dos incensos, da comida de rua, dos canais e dos esgotos a céu aberto se junta ao calor, à umidade e ao barulho do trânsito para atacar meus sentidos simultaneamente. Por outro lado, Veneza me decepcionou. Para mim a cidade cheira a esgoto, não importa quão romântica seja para os outros.

Como você se orienta?

Ando com uma bengala e na mesma direção do trânsito ou do vento. Uso o barulho do tráfego para me guiar. Se preciso encontrar um metrô, uma boa indicação é sentir um grande número de pessoas indo e vindo, ou a vibração que o trem provoca na calçada. Também conto as ruas que atravesso quando me locomovo e refaço o caminho na volta. Em algumas cidades é mais difícil transitar. Como em Atenas, onde as pessoas estacionam os carros na calçada.

O que achou do Brasil?

O trânsito no Rio, em São Paulo e no Recife era impressionante, com motoristas buzinando e motores de carros que soavam como armas de fogo. Em Salvador tinha batuque o dia todo, um barulho parecido com pessoas batendo à porta. Gostei muito do povo, das praias de areia macia e dos sucos de frutas frescas. Que país maluco!

Você já sentiu medo de viajar sozinho?

Sou confiante. Viajar sozinho nunca foi um problema e nunca será. É minha paixão.



(Fonte: Planeta Sustentável)

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