Botulismo é uma forma de envenenamento alimentar que ocorre quando alguém come algo que contenha a neurotoxina produzida pela bactéria clostridium botulinum, dentre elas, a toxina botulínica A que, nos casos de paralisia provocada pelo botulismo, afeta a proteína SNAP-25, essencial para a liberação da acetilcolina, neurotransmissor responsável pelo acionamento das contrações musculares. Basicamente, as toxinas botulínicas bloqueiam os sinais que normalmente diriam aos seus músculos para contraírem.
Se você não pulou o primeiro parágrafo, um nome lhe chamou a atenção: toxina botulínica A. Isso porque ela ficou conhecida, no mundo inteiro, pelo nome Botox®, sua marca registrada.
Agora você certamente está imaginando por que alguém desejaria injetar a toxina botulínica em seu corpo. A resposta é simples: se uma área do corpo não pode se mover, ela não pode enrugar.
Um grande número de pessoas está recebendo injeções de botox para ganhar uma aparência mais jovem. Apesar de ser usado desta maneira há anos, o Botox só foi aprovado pela Administração Americana de Remédios e Alimentos (FDA) para uso cosmético em abril de 2002. Antes disso, tinha sido aprovado para o tratamento de várias situações médicas em 1989.
Acontece que a aplicação inadequada de Botox pode não apenas eliminar as rugas mas também impedir o paciente de fechar os olhos. Como consequência direta, surge, ou é agravado, o distúrbio do olho seco, que causa desconfortos como ardor, presença de muco, coceira, vermelhidão e sensação de corpo estranho na vista.
Para evitar este tipo de problema, o ideal seria que as pessoas procurassem por um oftalmologista antes mesmo de consultar os profissionais das áreas de medicina estética, dermatológica ou de cirurgia plástica.
No ano de 1998, uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia (UCLA), em Los Angeles (EUA), por André Borba, coordenador do Ambulatório de Cirurgia Plástica Ocular, Órbita e Vias Lacrimais do Hospital das Clínicas de São Paulo, mostrou que “os problemas de olho seco e de olho caído atingem até 30% dos pacientes que aplicam Botox regularmente”. Foram entrevistados 200 pacientes, dos quais 75% eram mulheres.
Carlos Alberto José, diretor de marketing do laboratório Allergan, que detém a marca Botox no Brasil, afirma não ter conhecimento de pesquisas feitas aqui sobre o assunto. “Desde que foi aprovado para o uso estético no país, em 2000, não há relatos de pacientes ou de médicos sobre problemas oftalmológicos ligados ao Botox”, afirmou ele ao jornal Folha de São Paulo.
Para corrigir pequenas rugas, a toxina botulínica paralisa a musculatura responsável pelo fechamento das pálpebras por seis meses. E é esse o tempo em que o paciente afetado terá que conviver com os defeitos estéticos da má aplicação, como a aparência do olho caído ou a abertura de dois milímetros em cada olho.
(Fonte: Folha de São Paulo)