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"Não há barreiras que o ser humano não possa transpor”

Em nossa seção Literatura, apresentamos a comovente e impressionante história de Heldyene, que nasceu surdocega por conta de uma rubéola que a mãe dela contraiu durante a gravidez. As anotações diárias sobre o progresso da menina se transformaram em um livro, “Heldy Meu Nome – Rompendo as barreiras da surdocegueira”, escrito pela pedagoga Ana Maria de Barros Silva, que trabalha há 40 anos com a educação de surdocegos e que ficou impressionada com o desempenho de Heldyeine.

Por conta deste artigo, muitos leitores do Saúde Visual pediram informações mais detalhadas sobre a surdocegueira.

No dia 16 de setembro de 1977, delegados de 30 países, muitos deles surdocegos, se reuniram em Nova York, na primeira Conferência Mundial Helen Keller sobre Serviços para os Surdocegos Jovens e Adultos e adotaram por unanimidade a seguinte definição de pessoa surdocega: “Indivíduos surdocegos devem ser definidos como aqueles que têm uma perda substancial de visão e audição de tal forma que a combinação das duas deficiências cause extrema dificuldade na conquista de metas educacionais, vocacionais, de lazer e sociais”.

Segundo informações do Instituto Benjamim Constant, do Rio de Janeiro, o comprometimento simultâneo de ambos os sentidos varia de pessoa para pessoa. Alguns surdocegos têm audição residual e até a fala, nos casos em que a surdez evoluiu depois de o indivíduo já ter adquirido a linguagem oral (os chamados “pós-simbólicos”). Os casos mais graves são os “pré-simbólicos”, de surdocegueira congênita ou adquirida antes da aquisição da linguagem. Estes, sem dúvida, precisam de mais atenção para desenvolver formas alternativas de comunicação.

O grupo mais numeroso de surdocegos é composto por pessoas com 65 anos ou mais, que adquiriram a deficiência sensorial tardiamente. As causas da surdocegueira podem ser acidentes graves; a condição genética da síndrome de Usher (as manifestações clínicas desta síndrome incluem a surdez, que se manifesta logo no início da vida e a perda visual que ocorre, geralmente, mais tarde) e surdocegueira congênita resultante de doenças como a rubéola ou de nascimentos prematuros.

A grande dificuldade das crianças surdocegas está, justamente, em desenvolver um modo de aprendizado que compense a desvantagem visual e auditiva e permita o relacionamento com o mundo. Por isso, explorar as potencialidades dos sentidos remanescentes (tato, paladar e olfato) é essencial para a orientação e a percepção, tanto na escola, quanto fora dela. Tornar a escola um espaço fisicamente acessível para essas crianças mais um passo imprescindível para acolhê-las adequadamente.

Para os surdocegos pós-simbólicos uma das alternativas de comunicação consiste no sistema Tadoma, também conhecido como “Braille Tátil” – a mesma utilizada por Heldy. Nessa técnica a pessoa utiliza as mãos para sentir os movimentos da boca, do maxilar e a vibração da garganta do falante, e assim consegue interpretar o que é dito.

Já para os surdocegos pré-simbólicos, o uso do tato também é fundamental. Antecipar algumas sensações e permitir que sintam a forma dos objetos, associando-os a funções correlatas facilita a orientação e propicia um conforto maior para a criança.

O trabalho com os pais tem como objetivo apoiá-los, orientá-los e esclarecê-los, tendo em vista que parte do sucesso de qualquer trabalho de reabilitação deve-se à participação efetiva da família.

E por que a conferência tinha o nome “Helen Keller”, perguntarão os leitores, sempre atentos. Desta vez, Saúde Visual se antecipa e informa que, apesar de Laura Bridgmam (nascida em 1829) ser conhecida como a primeira pessoa surdocega educada com sucesso, Hellen é que se tornou a mais conhecida e um dos mais extraordinários exemplos de coragem e força de vontade.

Helen nasceu no Alabama (EUA) em 1880 e perdeu a visão quando tinha pouco mais de 1 ano de idade.  Seus estudos iniciaram quando ela já estava com 7 anos e, a partir de então, com a ajuda de Anne Sullivan - indicada por Alexandre Grahan Bell, amigo da família -, não mais parou sua escalada em busca de novos conhecimentos. Assim, aos 24 anos recebeu seu diploma de Filosofia na Universidade Radcliffe e, continuando sua trajetória, fez jus, ao longo de sua vida, a inúmeros títulos, homenagens e diplomas honorários em reconhecimento por seu trabalho em prol do bem estar das pessoas cegas e surdocegas e, sobretudo, pelo exemplo vivo das imensas e ricas possibilidades do potencial humano.

Helen, que faleceu em 1968, costumava dizer que “não há barreiras que o ser humano não possa transpor”. Alguém duvida?



(Fonte: Instituto Benjamim Constant)

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