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Visual Snow, uma neve que não cabe em contos de fadas

Frozen : Uma Aventura Congelante, 53º filme de animação musical estadunidense produzido pela Walt Disney Animation Studios, já entrou para a lista de filmes com bilheteria bilionária, ganhou o Oscar de melhor animação de 2013 e se tornou o longa animado de maior bilheteria da história.

Vagamente inspirado no conto de fadas A Rainha da Neve, de Hans Christian Andersen, o filme narra as desventuras de Anna e sua irmã, Elsa, que nasceu com a capacidade mágica de criar gelo e neve (clique na imagem para ver o efeito).

Mas existe um tipo de neve que não está ligado nem ao fenômeno metereológico nem aos contos de fadas. Trata-se da “neve visual” (visual snow) cuja fisiopatologia ainda não foi estabelecida. Em termos leigos, porém, podemos afirmar que os portadores dessa “sensação visual” são indivíduos cujos cérebros apresentam hiper-reatividade cortical.

Dentre os sintomas, o principal é a visualização de imagens como estática de aparelho de TV – os populares “chuviscos” -, principalmente quando se olha para superfícies escuras ou ambientes com pouca luminosidade. Outro sintoma característico é a palinopsia, que consiste na visão do contorno de um objeto por algum tempo após se ter desviado o olhar do mesmo.

A neve visual vem sendo discutida cada vez mais, provavelmente devido a um aumento rápido e importante da sua incidência na população. Uma investigação clinica primária pode ajudar pesquisadores a entender a fisiopatologia da sensação visual incomum e principalmente encontrar um meio de neutralizar este sintoma que pode reduzir drasticamente a qualidade de vida do individuo portador.

O processamento visual se dá no encéfalo. Os olhos recebem a informação fotoquímica e o nervo óptico faz a conexão com os centros visuais no cérebro. A percepção visual normalmente é seletiva e envolve omissão: imagens menos importantes - ou que causam confusão - são “ignoradas” pela “mente que vê”, ou seja, a região em que é processada a informação visual.

A seletividade da percepção depende de processos cognitivos cerebrais e estaria alterada, por exemplo, em disfunções bioquímicas do cérebro.

A dopamina, assim como a adrenalina, é um dos transmissores que ajudam a fazer a “sintonia fina” dos níveis de atividade neural. Portanto, o TDAH ou DDA (déficit de atenção com hiperatividade), assim como a depressão, síndrome do pânico, e TAG ou transtorno da ansiedade generalizada, não são raros em indivíduos que se queixam de “neve visual”. Outras comorbidades possíveis (esperadas) no caso da conexão simpática (Sistema Nervoso Autônomo) ser uma das vias fisiopatológicas da “neve visual”.

A “neve visual” parece ser mais comum em pessoas que são extremamente observadoras e hiper-reativas. Nelas também é mais frequente a percepção de fenômenos entópticos. Poderia ser avaliada então como uma variação da percepção visual normal. Mas é imprescindível que exames complementares sejam realizados para excluir causas orgânicas secundárias, como efeitos colaterais de alguns medicamentos, uso de drogas ilícitas, ou ainda neoplasia encefálica, doença desmielinizante e outras patologias neurológicas.

Descartada a causa orgânica, que uma vez tratada faria cessar a “alucinação”, uma possibilidade de lidar com o sintoma visual seria a habituação, um fenômeno fisiológico. A utilização dessa técnica foi sugerida e tem sido utilizada em indivíduos portadores de zumbido, como forma de minimizar o seu desconforto.

Assim como existe a readaptação vestibular na vertigem, pode-se buscar a readaptação processual visual em relação às sensações visuais incomuns, como no caso da “neve visual”. A ideia seria, através de estímulos visuais repetitivos, provocar a habituação (das vias responsáveis pela percepção visual) aos fenômenos entópticos e sensações visuais incomuns.

Essa sugestão parece interessante e deveria ser investigada por especialistas em reabilitação. Existem técnicas (hoje cada vez mais difundidas) utilizadas no tratamento da dislexia visual (síndrome de Irlen), que é uma disfuncionalidade do processamento visual. Assim como parece ser a síndrome da “neve visual”.

Neste site você pode fazer uma simulação dos sintomas da “neve visual”.



(Fonte: “Visual Perception: a clinical orientation” 2010, Schwartz S.,McGraw-Hill Publishing Co)

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