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Os optometristas e o futuro da hipertensão

Desde o ano de 2002, o dia 26 de abril é considerado Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Em nível internacional, esta data é 17 de maio. Segundo o Dr. Drauzio Varela, trata-se de “Uma doença democrática que acomete crianças, adultos e idosos, homens e mulheres de todas as classes sociais e condições financeiras”. Popularmente conhecida como “pressão alta”, está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular por todo o corpo. O estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias.

A mortalidade por doenças cardiovasculares aumenta progressivamente com a elevação da pressão arterial de forma linear e contínua. A cada ano, cerca de 7,6 milhões de mortes no mundo, 14% do total, são atribuídas à hipertensão, sendo 54% por acidente vascular cerebral e 47% por doença isquêmica do coração. Cerca de 80% dessas mortes ocorrem em países de baixo e médio desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45-69 anos. A hipertensão não tratada pode reduzir em até 16,5 anos a expectativa de vida.

No Brasil, a hipertensão afeta 36% dos homens adultos e 30% das mulheres. Ocorrerem mais de 300 mil óbitos anuais por doenças cardiovasculares, dos quais 74% são atribuídos ao conjunto de acidente vascular cerebral, doença isquêmica do coração e doença hipertensiva. A doença renal crônica causa mais 10 mil óbitos anuais no país, ocasionando ainda a inclusão de 95 mil pessoas em programas de diálise.

Diante deste incrível número de pessoas afetadas, a hipertensão tem provado ser uma das doenças crônicas mais prevalentes em todo o mundo.

Isto faz com que até mesmo os optometristas fiquem em estado de alerta, já que a hipertensão pode afetar significativamente a saúde ocular e a visão. No passado, estes profissionais já se mostravam atentos com o diagnóstico de doenças oculares relacionadas à hipertensão, mas, diante do avanço da doença, muitos especialistas do setor acreditam que é hora de se pensar sobre hipertensão da mesma forma que outras doenças, como diabetes, e começar a falar sobre a sua prevenção.

Para o Dr. Lee Rodeo, da Faculdade de Optometria do Sul da Califórnia, o profissional de optometria deve se questionar da seguinte maneira: Quando foi a última vez que pediu ao paciente sua última leitura da pressão arterial? Ou quantas vezes eles verificam a pressão arterial? Quando foi a última vez que explicou ao paciente sobre como ele pode controlar sua pressão arterial para evitar quaisquer alterações na sua visão? Estas são as modificações que necessitam de ser feitas hoje, segundo Rodeo.

A hipertensão não é apenas uma doença do sistema circulatório. Se não for tratada, pode causar inúmeras doenças, incluindo acidentes vasculares cerebrais, enfartes do miocárdio, insuficiência renal, insuficiência cardíaca congestiva, aterosclerose progressiva e morte precoce. Existem dois tipos de hipertensão, primária e secundária. A maioria dos pacientes com hipertensão tem o que é conhecido como a hipertensão primária ou essencial. Hipertensão primária é causada por muitos fatores, incluindo predisposição genética, aumento do índice de massa corporal, o aumento de sal na dieta, o excesso de consumo de álcool, tabagismo, raça e stress. Na maioria das vezes há muito poucos sintomas. O diagnóstico é feito quando os pacientes visitam o médico por algum outro problema. Sintomas como dores de cabeça, náuseas ou vômitos, confusão, alterações na visão e hemorragias nasais, só se manifestam em casos de hipertensão grave. Isso faz com que a hipertensão seja conhecida como o "assassino silencioso". Enquanto os pacientes estão vivendo suas vidas sem diagnosticá-la, ela vai lentamente a desenvolvendo doenças cardíacas, problemas renais e outras questões sistêmicas.

A hipertensão arterial secundária é atribuída à outra causa, como a hiperplasia adrenal (síndrome de Cushing), tumores adrenais (feocromocitoma), distúrbios da tireóide, apneia obstrutiva do sono e certas drogas, incluindo hormônios, esteroides, anti-inflamatórios, descongestionantes, medicamentos dietéticos e ervas, medicamentos psicóticos, e drogas ilícitas como anfetaminas e cocaína. Estas causas de hipertensão secundária são observadas mais em pacientes jovens com a pressão arterial mais elevada e são todos potencialmente evitável e curável.

Existe um certo número de alterações secundárias que ocorrem nos olhos com o aumento da pressão arterial sistêmica. Os optometristas analisam isso no exame de fundo de olho. Como os pacientes podem ter estes sinais sem um diagnóstico de hipertensão arterial, os optometristas podem ser os primeiros profissionais médicos a perceber e conversar sobre hipertensão com o paciente.

Retinopatia hipertensiva é a manifestação ocular mais comum de hipertensão. Estudos têm relatado que os pacientes hipertensos têm uma chance de 50 a 80% do seu desenvolvimento. Outro estudo descobriu que de 3 a 14% da população com idade superior a 40 vai ter algum sinal de retinopatia hipertensiva. Assim, É importante prestar atenção para os vasos sanguíneos durante todos os exames de fundo de olho. Afinal, os vasos sanguíneos do olho são os únicos no corpo inteiro que podem ser vistos diretamente, sem corte na pele, de modo que eles são importantes para diagnosticar as condições de todo o corpo.

Além de retinopatia e vasculatura, pacientes com hipertensão são mais propensas a ter outras manifestações oculares, incluindo a neuropatia óptica isquêmica anterior, oclusão da artéria central da retina, oclusão da veia central da retina, infartos da coróide, paralisia de nervos cranianos, progressão da retinopatia diabética, glaucoma, vasculopatia polipoidal idiopática da coroide, síndrome ocular isquêmica, hemorragia subconjuntival e obscuridades visuais transitórias.

Como todos eles têm várias causas, certamente não há como diagnosticar a hipertensão mas, ainda segundo o Dr. Rodeo, pode-se utilizar estes sintomas juntamente com outros testes para ajudar com um diagnóstico de hipertensão. Para ele, quando qualquer constatação anormal da retina anormal é diagnosticada, é possível já ter a leitura da pressão arterial realizada durante um pré-teste, ou, até mesmo, realizá-la naquele momento. Afinal, quaisquer alterações na retina devem ser correlacionadas com quaisquer leituras de pressão arterial anormal, passadas ou presentes.

É importante que os optometristas estejam bem informados sobre o tratamento da pressão arterial elevada para melhor ajudar aos pacientes. Eles podem fazer recomendações simples que vão refletir o que está sendo dito pelos seus médicos de cuidados primários. Quando os pacientes ouvem a mesma informação a partir de mais de uma fonte, que reforça a sua importância, ficam mais dispostos a ouvir e seguir o conselho médico. É importante lembrar que a pressão alta é totalmente controlável para a maioria dos pacientes.

Depois de ler esta matéria, fica claro que há muito mais que pode ser feito em um ambiente de optometria para ajudar a gerenciar pacientes com ou em risco de hipertensão arterial sistêmica. O Dr. Rodeo dá mais algumas dicas, como verificar a pressão arterial do paciente em cada exame abrangente. Passar também mais alguns momentos discutindo o que o paciente pode fazer para melhorar a saúde geral do seu corpo, não apenas dos olhos, pois enquanto o corpo permanece saudável, os olhos também estarão. Para Rodeo, esta etapa extra não só irá permitir que os pacientes vejam que o optometrista se importa como permite um aumento de confiança no profissional.

É como dizia o pensador John C. Maxwell: “os pacientes não se importam com o quanto você sabe, até que saibam o quanto você se importa”.


(Fontes: Sociedade Brasileira de Cardiologia [SBC], All About Optical e Arch Ophtalmol)

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