Qualquer pessoa que dirige sabe o que é um espelho retrovisor. Trata-se de um equipamento de segurança indispensável à dirigibilidade do veículo cuja correta utilização evita acidentes. E qualquer pessoa que dirige sabe o que é um ponto cego - quando outro elemento no trânsito se encontra na trajetória do veículo, mas fora do alcance de visão do motorista. Todos os veículos possuem pontos cegos, e os riscos de sinistros variam de acordo com a regulagem do espelho retrovisor.
Atualmente não existe um consenso sobre como evitar o ponto cego. Nos Estados Unidos, por exemplo, usa-se uma óptica para o retrovisor do lado do motorista e uma óptica diferente para o retrovisor do lado do passageiro. Já na Europa, os dois espelhos são iguais, mas contendo áreas ópticas diferentes na mesma peça, na tentativa de ampliar a visão do motorista nas extremidades externas dos retrovisores.
Acontece que, segundo especialistas, nenhuma das duas soluções pode ser considerada ideal, pois ambas diminuem o tamanho dos objetos vistos pelo retrovisor, fazendo-os parecer mais longe do que estão na realidade. Antes que você pare de ler por aqui, informamos que a solução pode estar próxima, de forma eficiente e – o que é muito importante – mais barata.
Hocheol Lee e Dohyun Kim (Universidade Hanbat, Coreia do Sul) e Sung Yi (Universidade de Portland, EUA) desenvolveram um espelho retrovisor utilizando uma tecnologia óptica progressiva comumente usada nos óculos multifocais, que simultaneamente corrigem a miopia e a presbiopia.
O novo espelho não possui pontos cegos, tem um campo de visão maior e produz imagens na proporção correta entre tamanho e proximidade dos objetos. E isso vale igualmente para os dois lados do veículo.
Assim como os óculos multifocais dão ao usuário um leque de habilidades de foco, de perto até longe, e tudo o mais nesse intervalo, o novo espelho progressivo consiste de três zonas de resolução: uma para visão à distância, uma para visão próxima, e uma zona intermediária para fazer a transição entre as outras duas, conforme explica Lee. Ele informa que, no entanto, “ao contrário dos óculos multificais, onde a faixa de foco é alinhada verticalmente [da visualização à distância na parte superior até a visualização próxima embaixo] a superfície do nosso espelho é progressiva horizontalmente”.
O retrovisor multifocal apresenta uma curvatura, com a zona interna usada para a visualização à distância, e a zona externa para a visão em proximidade, compensando o que poderia se transformar em pontos cegos. Além disso, os criadores afirmam que o custo de fabricação de seu espelho retrovisor multifocal seria mais barato do que os retrovisores mistos que equipam os carros hoje.
Como toda boa notícia tem um “mas”, aqui vai o porém desta: como o design dos espelhos retrovisores precisa atender a regulamentações de cada país, o novo projeto terá de ser aprovado pelas autoridades competentes antes de poder ser adotado pelas montadoras.
(Fonte: Optics Letters)