Pesquisadores do Instituto Neurológico Barrow, nos Estados Unidos, testaram na prática duas teorias contraditórias sobre a percepção visual temporal - o quão brilhante uma luz parece ser aos nossos olhos.
Uma é a Lei de Bloch, que propõe que a percepção do contraste de um estímulo visual aumenta com sua duração, mas eventualmente se estabiliza em torno dos 100 milissegundos. A outra teoria é o efeito conhecido como Broca-Sulzer que, por outro lado, propõe que a percepção do contraste aumenta inicialmente com a duração do flash, atinge um pico e então cai novamente.
Orientados por Stephen Macknik e Susana Martinez-Conde, os pesquisadores descobriram que a discrepância entre a Lei de Bloch e o Efeito Broca-Sulzer é causada por uma influência intrínseca, uma espécie de desvio apresentado pelos participantes da experiência, o que leva a dados com um viés que altera as conclusões. Para superar este viés, eles melhoraram o projeto do experimento e, ao fazer isto, os resultados demonstraram que a visão temporal de fato segue o Efeito Broca-Sulzer.
Está tudo muito bom, está tudo muito bem, mas... O que isso tudo significa? Significa economia de energia, já que a descoberta diz respeito à forma como os seres humanos percebem modulações temporais da luz.
É importante frisar que há mais de 125 anos pesquisadores tem estudado a visão temporal, mas a experiência da equipe de Mackinik é a primeira a estabelecer um controle de todas as formas conhecidas e critérios, a primeira a medir com precisão o papel da dinâmica temporal na percepção de brilho. Esta descoberta é tida como revolucionária, pois vai permitir a otimização das lâmpadas e outras fontes de luz.
Isso mesmo: segundo Macknik, “é possível economizar energia, pois podemos ajustar a nossa iluminação para que pisque de forma a aproveitar esse pico de percepção". Isso acontece porque a maioria dos dispositivos emissores de luz, tais como lâmpadas, monitores de vídeo e televisores, não emite uma luz contínua, mas uma luz que pisca em alta velocidade. Quanto mais rápido é este tremeluzir, menor é a capacidade do olho humano em percebê-lo, o que é mais confortável.
Os pesquisadores descobriram que existe uma faixa de cintilação dinâmica da luz que otimiza a percepção do brilho pelo sistema visual humano sem que seja necessário aumentar a potência da luz. Uma 'janela' temporal na percepção visual que pode ser explorada para “obter economias significativas projetando dispositivos emissores de luz que pisquem com a dinâmica ideal para ativar os neurônios do sistema visual no cérebro humano", explicou Macknik.
Tomando como base cada dispositivo emissor de luz, de lâmpadas a celulares - e apenas nos Estados Unidos -, os pesquisadores estimam que, se operados com a máxima eficiência para o sistema visual humano, isso economizaria milhões de dólares em eletricidade e energia. Potencialize isso para o mundo inteiro. Além de econômica, portanto, a descoberta também é ecologicamente correta.
(Fonte: Science Daily)