Charles Czeisler, da Faculdade de Medicina de Harvard publicou um artigo na revista inglesa Nature ressaltando a importância do sono para a nossa saúde física e mental. Por isso, afirma Czeisler, “é vital que aprendamos mais sobre o impacto do consumo de luz e outras formas pelas quais nosso 'modo de vida 24 horas' afeta o sono, os ritmos circadianos e a saúde".
Dentre os itens que afetam este modo de vida, Charles destaca os smartphones e os tablets. Segundo ele, passar muito tempo olhando para as telas destes gadgets durante a noite pode prejudicar o sono e, consequentemente, a saúde.
De acordo com o especialista, o tipo de luz emitida por esses dispositivos é especialmente prejudicial à indução natural do sono, associada aos chamados ciclos circadianos. Como no modo de vida atual as pessoas já dormem pouco e mal, isso se torna um sério problema para a saúde. Diversas pesquisas publicadas nos últimos anos revelam uma forte ligação entre privação de sono e a ocorrência de doenças como obesidade, diabete, problemas cardiovasculares, enfraquecimento do sistema imunológico e até câncer.
O "relógio biológico" de nosso organismo é naturalmente controlado pela exposição à luz. Quando a única fonte de luz era o Sol, ficava fácil fazer um controle através do ciclo dia/noite. Mas, com a invenção da luz elétrica criou-se, também, uma área de penumbra cada vez maior neste ciclo, desregulando toda a fisiologia do organismo associada aos estados de alerta e sono.
Em seu artigo na Nature, Czeisler escreveu “que muita gente continua checando e-mails, fazendo lição de casa ou vendo TV até tarde sem nem perceber que já está no meio da noite". Os gadgets como tablets, smartphones e laptops utilizam uma luz do tipo LED para iluminar suas telas. Esta luz é rica em radiação azul, que possui menor comprimento de onda. Esta radiação, ainda segundo Czeisler, interfere muito mais nos ciclos circadianos do que a radiação vermelha ou laranja, que possuem maior comprimento de onda. Esta é a radiação que prevalece nas lâmpadas incandescentes e na luz natural do entardecer, iniciando a liberação de melatonina.
A Nature também cita dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA segundo os quais o período mínimo de sono recomendado pelos médicos é de sete a nove horas por dia. Mas, nos Estados Unidos, cerca de 30% das pessoas empregadas dormem menos do que seis horas. Já em São Paulo, de acordo com uma pesquisa realizada em 2007 pelo Instituto do Sono da Unifesp, quase 80% dos paulistanos sofrem de algum distúrbio do sono e mais de 45% têm dificuldade para dormir.
Mas isso em 2007, quando quase não havia muito entretenimento digital. Imagina só como estão estes números hoje, em época de redes sociais, joguinhos on line, etc, etc...
(Fonte: Nature)