O Homem de Aço e seus incríveis poderes encantam gerações há mais de 70 anos. Quem não gostaria de voar, por exemplo? E quem não acharia o máximo ter uma super-visão, capaz de enxergar nos mínimos detalhes?
Pois se voar pode ser conseguido com o auxílio de aparelhos específicos, como os aviões, eis que uma visão acima do normal também já está ao alcance do mortal comum.
Uma equipe internacional de pesquisadores criou a primeira lente de contato telescópica, uma lente de contato que, quando acionada, dá ao usuário o poder de ampliar a visão em quase três vezes. Sim, este é o primeiro exemplo de olho biônico que efetivamente concede uma super-visão, no melhor estilo Superman.
A lente de contato telescópica tem duas regiões muito distintas. O centro da lente permite que a luz passe diretamente através, proporcionando uma visão normal. A borda do lado de fora, no entanto, funciona como um telescópio capaz de ampliar sua visão 2,8 x. Para efeito de comparação, um par de binóculos para observar aves, por exemplo, pode ter uma ampliação de 15 x.
O detalhe é que esta lente de contato telescópica tem apenas 1,17 milímetros de espessura, o que lhe permite ser usada confortavelmente. Outras alternativas tentadas para o alcance da visão telescópica envolveram uma lente de 4,4 milímetros de espessura de contato (muito grossa para uso), óculos telescópicos (pesado e feio), e mais recentemente uma lente telescópica implantada no próprio olho. Esta última é atualmente a melhor opção disponível, mas requer cirurgia e a qualidade da imagem não é tão excelente.
Para criar um telescópio de 1,17 milímetros de espessura, os pesquisadores - liderados por Joseph Ford da UCSD e Eric Tremblay da EPFL – tiveram que ser muito criativos. A luz que entra é ampliada na borda da lente de contato e é devolvida cerca de quatro vezes no interior da lente usando espelhos modelados de alumínio. Em seguida, a luz é irradiada para a borda da retina na parte de trás do globo ocular. Os espelhos ampliam a imagem 2,8 vezes, mas também corrigem a aberração cromática, resultando numa imagem de fidelidade surpreendentemente elevada.
Para alternar entre a visão normal e telescópica, a região central da lente de contato tem um filtro polarizador na frente dele, que pode ser um óculos. Ao mudar o estado de polarização dos óculos, o usuário pode escolher entre a visão normal e a ampliada.
A lente de contato telescópica é feita de PMMA, um polímero de gás impermeável. Para colocar a sua lente no mercado, os pesquisadores terão de mudar para polímeros rígidos de gás-permeável (RGP), mesmo material das atuais lentes de contato modernas e confortáveis.
Claro que a intenção dos pesquisadores ao desenvolver esta lente não era que alguém saísse por aí combatendo o crime com uma capa vermelha, mas, sim, ajudar a restaurar a visão de pessoas com degeneração macular relacionada à idade. A DMRI danifica a resolução da fóvea no centro da retina, mas em geral, a parte externa de baixa resolução (perifovea) ainda funciona. Sem a fóvea, as pessoas com DMRI não podem fazer pequenas coisas, como ler. Estes óculos, com as lentes telescópicas implantadas, focalizam a luz na região externa, dando às pessoas com DMRI a capacidade de fazer estas pequenas atividades. Coisa de outro mundo, não?
Porém, apesar das lentes telescópicas destinarem-se às pessoas que sofrem de DMRI, nada impede que uma pessoa saudável possa usá-las e, assim, alcançar uma super-visão mesmo não sendo um super-herói nascido em Krypton.
(Fonte: Extremetech)