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Cores proibidas: audaciosamente indo além da visão humana

Saúde Visual apresentou este um estudo realizado por Jay Neitz, da Universidade de Washington (EUA), publicado no periódico Nature, afirmando que as pessoas não veem as mesmas cores quando olham para objetos semelhantes pois os neurônios não são configurados para responder a cor de uma forma padrão.

Ou seja, a discordância ocorre porque temos repertórios diferentes para cores, uma habilidade que pode ser desenvolvida ao longo da vida. É o caso dos indivíduos que possuem uma sensibilidade artística apurada e conseguem detectar mais tonalidades de cores, como os pintores e desenhistas, cujo repertório de cores é mais ampliado, fruto de muito treino e muita mistura.

Mesmo não sendo um Claude Monet, sabemos que misturar duas cores gera uma terceira cor, e não realmente uma fusão dessas duas cores. Quando juntamos verde com vermelho, por exemplo, o resultado é uma espécie de marrom, e não uma cor “vermelho-esverdeada” de fato. Embora existam, essas legítimas cores fusionadas estão além da capacidade de visão do olho humano: são as chamadas “cores proibidas”.

A origem dessa impossibilidade está no que a ciência chama de “processo oponente”. Os já citados verde e vermelho são duas tonalidades com frequências de luz distintas. Quando enxergamos vermelho, um grupo de células na retina entra em atividade, e dessa forma o cérebro sabe que deve enxergar essa cor.

No entanto, se houver alguma incidência de luz verde, o mesmo neurônio tem a atividade inibida, e assim enxergaremos o verde. Como as células não podem estar ativadas e desativadas ao mesmo tempo, só podemos ver uma cor ou outra. Da mesma forma, funciona a relação do preto com o branco e o azul em oposição ao amarelo.

Esta “revolução das cores” aconteceu em 1983, quando Hewitt Crane e seu colega Thomas Piantanida, dois cientistas estadunidenses, fizeram um experimento posteriormente publicado na revista Science. Voluntários foram colocados em frente a um painel que apresentava faixas alternadas de luz verde/vermelha ou amarela/azul. Um rastreador ocular, então, fez a distinção: dentro da retina de cada pessoa, metade das células recebia apenas a coloração verde, por exemplo, e outra metade das células apenas enxergava o vermelho.

Para surpresa dos voluntários as fronteiras entre as faixas começaram a sumir, e uma cor foi inundando pouco a pouco o espaço da outra. No final das contas, eles relataram ter observado cores que nunca haviam visto antes. Ninguém sabia descrever o que via, a cor era “simultaneamente verde e vermelha”, ou azul e amarela. E um dos voluntários era um pintor. Portanto, uma pessoa com um vasto ‘vocabulário’ de cores.

Em 2006, porém, Po-Jang Hsieh e seus colegas do Dartmouth College conduziram uma variação do experimento de 1983. Desta vez, eles forneceram aos participantes um mapa de cores em uma tela de computador, e pediu-lhes para encontrar uma correspondência para a cor quando aparecesse a imagem de listras alternadas. Quando surgiram as listras alternadas das cores verdes e vermelhas, os participantes do estudo não tiveram problemas para escolher a cor “lama marrom”. Isso foi o suficiente para Hsieh determinar que uma cor percebida durante a mistura de cores é apenas uma cor intermediária, nada mais. "Só porque a cor não pode ser identificada não significa que ele seja uma cor proibida", concluiu o cientista.

Seria o fim das “cores proibidas”, afinal? Nada disso!

Vince Billock, associado sênior no Research Laboratory do Conselho Nacional da Força Aérea dos EUA, realizou diversos experimentos ao longo da última década, através dos quais ele e seus colegas acreditam conseguir provar a existência de cores proibidas. Billock argumenta que o estudo de Hsieh não conseguiu gerar as cores, porque deixou de fora um componente-chave da configuração: os rastreadores oculares. Hsieh apenas tinha voluntários fixando o olhar em imagens listradas, ele não usou a estabilização da retina.

Os estudos de Billock identificaram, dentro de um espectro, a existência de cores proibidas e como seriam essas cores. O “vermelho esverdeado”, por exemplo, é uma espécie de cor lamacenta, não muito diferente daquela que se obtém quando misturamos as duas tintas. Esta cor mista seria uma das chamadas “cores proibidas”: já se sabe como ela é, mas o olho comum não é capaz de vê-la sem ajuda de aparelhos.

Como não existem meios de enxergar essas cores naturalmente, elas só são vistas através do velho processo de rastreamento ocular que estabiliza a retina. O que falta acontecer, portanto, é que alguém invente uma espécie de aparelho conversor, algo como um visualizador automático de cores proibidas, audaciosamente indo onde nossa visão nunca esteve. Coisa de ficção-científica.


(Fonte: LiveScience)

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