A pupila é conhecida como Menina dos olhos não à toa. O termo deriva do latim, pupilla, que significa menininha. Ao longo dos anos, uma série de estudos publicados mostrou que a dilatação das pupilas pode revelar muitas coisas. Se a pessoa está mentindo, se aquele carinha é gay ou se aquela mulher é lésbica.
A pupila é aquele buraco negro que se vê no centro do olho, pois não há iluminação na parte interna dos olhos. Situada entre a córnea e o cristalino, e no centro da íris, ela é a responsável pela passagem da luz do meio exterior até os órgãos sensoriais da retina. A dilatação e a contração da pupila é, portanto, um movimento mecânico em resposta ao aumento ou à diminuição da luminosidade no ambiente.
Pelo menos, era o que os cientistas afirmavam até agora.
Acontece que um novo experimento realizado na Universidade de Oslo (Noruega) acabou de demonstrar que não é necessário aumentar ou diminuir a luz para que o tamanho da pupila se altere. Para tanto, basta imaginar uma cena mais clara ou mais escura para que o tamanho das nossas pupilas apresente um efeito correspondente ao que teria se estivéssemos realmente experienciando tal situação.
Ou seja, o ajuste do tamanho das nossas pupilas não é simplesmente uma resposta mecânica, ajustando-se também a uma sensação subjetiva de brilho. Além disso, os experimentos mostraram ainda que estes resultados não são devidos a mudanças voluntárias no tamanho da pupila ou a diferenças no esforço mental necessário para imaginar as cenas.
Unni Sulutvedt e Bruno Laeng, responsáveis pela pesquisa, publicaram um artigo na revista Psychological Science onde explicam que, “como os seres humanos não podem contrair voluntariamente a pupila dos olhos, a presença de ajustes pupilares à luz imaginária apresenta um forte argumento para a imagem mental como sendo um processo baseado em estados cerebrais semelhantes aos que ocorrem durante a percepção real".
No mesmo artigo, eles também sugerem que este trabalho pode ter aplicações práticas, permitindo sondar as experiências mentais de animais de laboratório, bebês, e até mesmo pacientes com distúrbios neurológicos graves.
O fato é que a pesquisa de Sulutvedt e Laeng, além de corrigir os livros-texto sobre o assunto, vai exigir que os cientistas ampliem um pouco mais a explicação sobre a pupila, e, sobretudo , terão que remover a expressão "movimento mecânico" das suas teorias.
Bastou a ‘menina’ crescer e já começou a dar trabalho...
(Fonte: Diário da Saúde)