Não é novidade que pacientes reclamam das letras dos médicos. Até mesmo os farmacêuticos reclamam, pela obrigação de “traduzir” o medicamento receitado. Há casos em que o paciente acaba por tomar o medicamento errado. Casos assim podem ser denunciados ao Conselho Regional de Medicina (CRM). Já o código de ética do Conselho Federal de Medicina diz que é vedado aos médicos receitar, atestar ou emitir laudos de forma ilegível.
E quando se trata da receita de óculos emitida pelo médico oftalmologista? Você consegue entender o que ele receitou? A comunicação entre o médico e a o ótico é feita por códigos e linguagem que muitas vezes são inacessíveis a quem não é do ramo. É diferente, portanto, do problema relacionado à letra ilegível.
Mesmo assim, Saúde Visual, sempre preocupado em informar seus leitores, resolveu explicar como compreender uma receita de óculos.
A primeira coisa da receita é a identificação do nome e a data da prescrição. Isso é fundamental para comparações com exames futuros. Por isso é tão importante guardar todas as receitas de óculos antigas.
Claro que as siglas OD e OE significam olho direito e olho esquerdo, respectivamente. Também é fácil perceber que as receitas ficam divididas em duas partes: grau de longe e grau de perto. O que não é tão óbvio são os números que aparecem antes da abreviação .esf (de esférico). Este número vai significar o grau de miopia (se for um grau com o sinal negativo antes do número) ou de hipermetropia (se o sinal for positivo).
Já o número que aparece antes da abreviação .cyl ou .cil (de cilindro) se refere ao grau de astigmatismo (em quem não tem astigmatismo esse campo ficará zerado).
O grau de astigmatismo não é colocado em toda a superfície da lente, mas só e um determinado eixo. Por isso, ao lado desse número aparece outro número, que varia de 0 a 180 graus, determinando o eixo do astigmatismo. No Brasil, esse grau de cilindro (astigmatismo) é sempre precedido de um sinal negativo (-).
O grau de presbiopia ou vista cansada, aparece na parte do grau de perto que é sempre somado ao grau de longe e é sempre precedido de um sinal positivo (+). Em muitas receitas de óculos, esse grau vem após a palavra "adição" ou a abreviação .ad. Como se trata de uma simples operação matemática, alguns médicos já fazem essa soma na receita e outros só escrevem o valor da adição.
Na parte da receita onde se lê a palavra “prisma”, o médico colocará algum número se o paciente tiver algum grau de estrabismo, a popular vesguice, e for corrigir isso com óculos. Se não for o caso, essa parte da receita também ficará em branco.
Além dos graus de miopia, hipermetropia, astigmatismo ou presbiopia existentes na receita, os oftalmologistas anotam um valor chamado DNP ou só DP. Significa a distância entre as pupilas (ou distância pupilar) e é um dado muito importante na hora de montar os óculos. Alguns oftalmologistas fazem essa medida no momento da consulta, mas outros preferem que o ótico faça esta medição.
Muitas vezes, os médicos também anotam qual tipo de lente eles recomendam, seja pelo material (resina, policarbonato, etc.) ou mesmo pelo fabricante.
Com estas dicas, a receita do oftalmologista agora ficou tão clara quanto às lentes dos seus óculos. Mas permita-nos uma última recomendação: receita de óculos não serve como receita de lentes de contato. Algumas informações para fazer as lentes de contato e o grau certo dessas lentes só são obtidas num teste específico.
(Fonte: Médico de Olhos)